domingo, 14 de abril de 2013

Quando ajudar atrapalha...

É interessante observar como somos diferentes - nas histórias, registros, crenças, valores e formas de lidar, mas ao mesmo tempo, tão iguais - nas fases de vida, crescimento, conflitos, desejos, sofrimentos...
Sempre fui muito solidária à dor do outro, desde pequenina. Não podia ver alguém sofrendo que lá estava eu, querendo saber o que tinha acontecido e tentando fazer algo para ajudar. É um traço tão forte em mim que acabei desenvolvendo, lógico, uma defesa para sofrer menos pelo e com o outro. Sem falar que no final das contas não conseguia ajudar, já que ficava totalmente embolada e sem discernimento.
Claro que desenvolvi a defesa que tive condições na época, de acordo com as possibilidades disponíveis, tanto conscientes como inconscientes e não era o ideal me isolar para me defender de algo com o qual não conseguia lidar.
Foi um longo caminho até conquistar o equilíbrio entre o dar e o receber, entre o sim e o não. Entre entender a diferença entre a pena e a compaixão. Entre entender, sem culpa, a hora em que um "não" ajuda muito mais que um "sim", tanto ao outro, como a mim mesma. É só uma das coisas que o autoconhecimento nos oferece.
Colocar limites de forma amorosa e compassiva é uma conquista que demanda trabalho, mas também garante mais leveza e qualidade de vida e, afirmo com todas as letras, que vale a pena. Precisamos buscar o equilíbrio o tempo todo. Pois, se por um lado podemos elevar o outro com um abraço e uma palavra acolhedora, em contrapartida, podemos também, ao agir por ele, roubar a oportunidade de descobrir dentro de si a conexão que o ajuda a despertar o poder pessoal, a força para se responsabilizar por si mesmo e transcender a questão de acordo com a sua verdade e com as suas possibilidades e escolhas.

Hoje, durante um atendimento, me lembrei dessa época.
Ela contou que acabou abrindo mão de cuidar da própria vida para se dedicar à mãe pela ocasião da morte do pai, durante muitos anos. A conclusão é que a mãe estava cada vez mais dependente e a demandava para tudo, desde a escolha de um profissional para uma cirurgia até a compra de uma simples lata de azeite. A mãe a demandava e ficava com raiva, pois se sentia cada vez mais incapaz e dependente.
A filha se esforçava para dar conta de tudo e não conseguia ter distanciamento para enxergar o quanto era responsável por criar e alimentar uma situação tão desconfortável para ambas e também ficava com raiva, pois se sentia cada vez mais cobrada e menos reconhecida. Os papéis se inverteram. Agora a mãe era a filha e a filha, era a mãe.
Enredada nisso tudo, o tempo passou e ela não se deu conta que não havia se dedicado a construir a própria vida. Não se casou, não teve filhos, não era plenamente realizada profissionalmente e se sentia vazia, sem um objetivo de vida. E a raiva só crescia...

Foi lindo e muito emocionante acompanhar a descoberta dela, o olhar misturado de surpresa e tristeza ao perceber a sua responsabilidade na sua situação atual, mas também de encantamento e alívio, ao entender que só dependia dela modificar esse quadro. Com todas as dificuldades, dores e prazeres, ela tem descoberto como administrar a parcela que lhe cabe, sem deixar de cuidar e ficar atenta ao mais importante, a própria vida, seu prazer e felicidade.
No final das contas, tenho pra mim que é a única coisa que importa para a gente e para todo mundo. Você já viu alguém feliz fazer mal a outro? Eu nunca...
Abaixo você vê a foto da flor usada na essência floral Red Chestnut, de Bach. Ótima para ajudar trabalhar a preocupação exagerada em relação às pessoas queridas, sendo super protetoras e até castradoras, como forma de proteção. Vive algo semelhante? Peça para a sua terapeuta elaborar uma fórmula com outras essências que vão trabalhar, juntas, essa  questão e suas nuances.
Beijo grande!
Aesculus Carnea (Red Chestnut)


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